De 8 a 11/11, no CECREI (Centro de Espiritualidade Cristo Rei), foi realizado o 29º Encontro Regional de Presbiteros. Representando o presbitério da diocese de Santa Maria, participamos eu Pe. Gildo, Pe. José Mário Angonese, Pe. Flávio Somavila e Pe. Alecenir Garleti. Eis a carta final do encontro:
29º ENCONTRO REGIONAL DE PRESBÍTEROS
08 a 11/11/2010 – CECREI – SÃO LEOPOLDO
TEMA: O PRESBÍTERO E A PASTORAL URBANA
Somos 86 presbíteros representando tantos irmãos, de todos os recantos de nosso Estado, partilhando a caminhada pastoral de nossas Igrejas Diocesanas, na alegria da fraternidade presbiteral e desafiados pelo tema “O Presbítero e a Pastoral Urbana”.
Já no primeiro dia, fomos acolhidos no almoço, com a palavra de Dom José Mário, Presidente do Regional Sul III da CNBB, por Dom Zeno Hastenteufel, Bispo anfitrião, na Celebração Eucarística. Ambos destacaram a importância da missão dos presbíteros em meio aos grandes desafios e a necessidade destes encontros como oportunidade de crescimento e partilha. Contamos também com a presença amiga de Dom Paulo de Conto, Bispo Referencial para os Presbíteros em nosso Regional.
Para início dos trabalhos plenários contamos com a contribuição de Pe Tarcísio Rech, que nos apresentou alguns elementos de análise de conjuntura do momento presente, como provocação para a nossa reflexão. A assessoria do Pe Joel Portella Amado, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, começou recolhendo nossas perguntas em torno do tema “o presbítero no mundo urbano”. Os questionamentos revelam certo desconforto diante desta nova realidade.
Uma primeira constatação é de que falar em mundo urbano é mais amplo do que falar simplesmente em cidade. Apesar disto, o nosso paradigma evangelizador ainda está marcado pela distinção entre urbano e rural. No entanto, o urbano ultrapassa a questão de espaços e faz-se necessário entender que existem níveis de urbanização, que são diversos. A mentalidade urbana é mais aguda num grande centro urbano, mas atinge a todos os ambientes, como pequenas cidades, a zona rural, e até comunidades indígenas. Como identificar estes níveis? Não existe um “urbanômetro”. Precisamos nos aproximar deste mundo e para isso faz-se necessário um mergulho e um desprendimento. Mergulho - encarnação, no sentido de aproximação ao mundo urbano, que se dá na chave da inculturação, no diálogo, no conhecimento. Desprendimento, no sentido de que, esta aproximação precisa ser feita com discernimento, pois aqueles que são filhos deste tempo, desta mentalidade, precisam fazer certo “distanciamento”, para distinguir os valores dos contra valores.
No mundo urbano, a primazia está no indivíduo, no “escolher”, na opção, e não no peso das instituições, no
“obedecer”, no “aceitar”. Por esta razão, na medida em que o ambiente urbano vai se tornando mais agudo, as instituições vão tendo menos peso. Não existe contexto cultural que se identifique plenamente com o Evangelho. Portanto, deve-se evitar todo tipo de preconceito ou leitura preconceituosa. Em todos os contextos existem valores e contra valores. No contexto urbano existem valores evangélicos evidentes: individualidade, liberdade e opção, novidade, movimento. O problema não está num contexto ou noutro e sim, na passagem de um horizonte para outro. Quando muda o contexto cultural e a evangelização não consegue acompanhar esta mudança, corre-se aí o risco da perda da própria fé. No mundo préurbano a questão era a “conservação da fé”, agora é a “transmissão da fé”, com ênfase na reiniciação cristã.
Como anunciar os grandes valores do cristianismo no mundo urbano? As pistas nos apontam para uma Igreja mistagógica, para um recomeçar a partir de Jesus Cristo, e Cristo Crucificado. Daí a importância fundamental da Iniciação Cristã Permanente, da dimensão querigmática da fé. Outro valor fundamental é a dimensão comunitária, uma Igreja “comunidade de comunidades”, que promova um processo de relacionamento humano face a face. Para responder ao ritmo do urbano, se faz necessária uma acolhida personalizada, daí a importância de uma Igreja toda ministerial, para atender esta demanda, sem o esgotamento dos presbíteros. Ainda devemos destacar a dimensãosolidária, a Igreja presente nas dores do povo e nas dores das grandes cidades, uma Igreja samaritana e por que não, uma Igreja de Emaús, que caminha junto.
No caso dos presbíteros, esta situação se torna mais delicada. Isso porque temos uma geração que, vindo do pré-concílio, atravessou o Vaticano II e heroicamente deu a vida pela implantação das orientações conciliares.Temos uma segunda geração, que, respondendo ao momento histórico, mergulhou no compromisso sócio transformador. Temos uma terceira geração que nasceu, cresceu e mesmo se formou para o presbiterato no período mais agudo da crise da modernidade. E estamos juntos, a serviço do Reino de Deus, na Igreja. Que rosto tem estepresbítero urbano hoje? Vale o mesmo, que foi apontado para a Igreja como um todo: “mergulho” e “desprendimento”: um presbítero acolhedor, formado para o diálogo, em comunhão com o presbitério e solidário com as dores da sociedade e da Igreja e ao mesmo tempo, vigilante para os riscos, da “carreira solo”, do isolamento, e da falta de profetismo e testemunho evangélico. É fundamental o cultivo de uma espiritualidade da identidade e comunhão presbiteral.
O 29º Encontro Regional de Presbíteros foi encerrado na alegria e no compromisso com a Pastoral Presbiteral, certos de que a comunhão é fundamental para a nossa caminhada. Em clima de fraternidade foi eleita uma nova Coordenação:
- Presidente: Pe Moisés Dalcin – Arquidiocese de Porto Alegre.
- Vice- Presidente: Pe Astor Backes – Diocese de Santa Cruz do Sul.
- 1º Secretário: Pe Gil Raul Pereira Júnior – Diocese do Rio Grande.
- 2º Secretário: Pe Aldecir Corassa – Diocese de Cruz Alta.
Na alegria e na esperança, saudamos a todos os presbíteros do Rio Grande do Sul e suas comunidades!
São Leopoldo, 11 de novembro de 2010.
Presbíteros participantes do 29 ERP |